Espaço de atividade literária pública e memória cronista

segunda-feira, 25 de março de 2024

Lembrando o sr. Verdial e a D. Amália da Casa da Padaria, respeitável casal de outrora da Longra!

 

Na Primavera de 1969 ainda eu estava a frequentar um estabelecimento de ensino interno deveras longe da região, estando então nos Capuchinhos em Gondomar, quando em março desse mesmo ano ocorreu a passagem das bodas de prata de casamento da D. Amália Castro e do sr. Verdial Moura, o simpático e inesquecível casal dos senhores da Casa da Padaria da Longra. Algum tempo antes, eu tinha vindo à Longra, em fevereiro, para o funeral da minha saudosa avozinha Júlia de Jesus Pinto, que me acompanhara desde os primeiros meses de vida até aos princípios de minha adolescência, desde sua cama de paralisia, e então no acompanhamento à sua urna senti o sr. Verdial a dar-me apoio. Depois, ainda por esse tempo, pouco depois disso, mas antes ainda da comemorativa passagem dos 25 anos de seu casamento, eu havia escrito uma carta ao sr. Verdial, porque num dia de mais saudades da terra me lembrei dele e como gostava do que ele representava na minha imagem do imaginário local. Tendo ele ficado surpreendido e então me escreveu uma carta de resposta muito sentida, a agradecer e a demonstrar o quanto também me tinha na sua consideração, além de sobre mim deter então algumas esperanças de me ver como desejava, num futuro que ainda antevia. Não mais esquecendo como ele referiu que gostou de ver que eu sabia redigir bem uma carta, já, estava eu nos meus 14 anos. Tenho pena de não ter ficado com essa carta, pois como ao tempo, no local de ensino e formação onde eu estava, à época, havia certo controle da chegada e leitura da correspondência, a carta chegou e depressa desapareceu. Mas tudo ficou gravado dentro de mim. Tendo entretanto passado mais algum tempo, sido surpreendido com a notícia do falecimento do sr. Verdial, em junho seguinte. Estava eu ainda fora da minha terra, por essa altura, como acabei por estar por pouco mais tempo. Não tendo, por isso, tido oportunidade de acompanhar e viver mais tudo o que se passou. Mas soube depois, quando vim de férias e por fim não retornei ao estabelecimento onde estivera, que o sr. Verdial e a D. Amália ofereceram a meus pais uma foto do dia de suas Bodas de Prata, para que eu visse.  

Passados anos, logo que pude, em todas as ocasiões possíveis, o sr. Verdial Horácio de Moura foi motivo de eu o tentar homenagear, pela admiração que sempre tive por ele e pela esposa, Dona Amália, aproveitando para o caso qualquer mote, como foi dele ter tido influência na vida local e a nível concelhio haver sido o fundador do original e histórico Futebol Clube de Felgueiras. Quão consta honrosamente no livro “Memorial Histórico de Rande e Alfozes de Felgueiras”, publicado em 1997, e no livro da “Elevação da Longra a Vila”, saído a público poucos dias após tal aprovação oficial, em 2003.  Bem como consegui fazer valer que fosse dado seu nome a uma rua da Longra e outra na área citadina de Felgueiras, tendo felizmente esse sido um dos casos salvos, de ideia que vingou felizmente (porque outros foram alterados na aprovação oficial).

Pode-se dizer quase que pessoas destas não morrem, enquanto têm quem as lembre, pois foram pessoas inesquecíveis do ambiente da Longra e de Felgueiras, dos tempos marcantes da infância e juventude de quem os tem como seus também, para sempre.

Armando Pinto

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quinta-feira, 21 de março de 2024

Na consonância do Dia Mundial da Poesia…

  

À chegada da Primavera, na esperança de em breve o ambiente voltar a ter encanto da floração e revigoramento da natureza, o dia 21 de Março é considerado Dia Mundial da Poesia. Conforme foi implementado na 30.ª Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), em 1999. Com tal dedicação deste dia pretendendo salientar a importância da poesia enquanto manifestação artística. 

Embora pessoalmente não seja muito ligado à poesia, apenas apreciando versos rimados e textos de estilo melodioso, além de contextos que se entendam, também prezo quando a poesia completa um sentido genérico, por exemplo, ou enobrece uma causa e reforça uma razão.

Assim sendo, para assinalar o Dia da Poesia, aqui fica uma composição de tentativa poética, lavrada em letra de forma já há alguns anos.

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Ser felgueirense é algo que se sente. E mais ainda sempre que se sente elevação do que nos faz ter esse sentimento de identidade e união. 

Nessa amplitude, em que tudo o que é felgueirense atrai quem sente felgueirismo, apraz elevar essa mística em moldes também deveras sensíveis. Quão no caso dum poema dedicado a Felgueiras. Derivado a uma menção feita numa revista de poesia, corria o ano de 1996. Sendo que o autor prefere mesmo a prosa de modo poético, a respirar espírito de poesia, mas ao correr da escrita, sem restrições métricas nem talhe de rima. Embora sem voltar costas a esse estilo, ainda que muito raramente, quando calha.

Ora, entre escasso material poético pessoal, houve um poema publicado em 1986 no jornal Notícias de Felgueiras, desde logo destinado a incluir o início do livro “Memorial Histórico de Rande e Alfozes de Felgueiras” – sobre Felgueiras. Poema esse que mais tarde, passados cerca de 10 anos, uma publicação vocacionada a tal campo literário, a revista “Poetas de Todos os Tempos”, incluiu na sua edição de Junho de 1996.

De tal raridade, em todos os sentidos junta-se visualização da capa (no início deste artigo) e a respetiva página, a seguir, sem pretensiosismos, mas apenas como registo, para constar e assinalar o tema da Poesia, no seu dia.


 

 Armando Pinto 

 

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terça-feira, 19 de março de 2024

O meu Advento do 25 de Abril… há 50 anos: lembranças da ida à Inspeção Militar em Janeiro de 1974

 

No âmbito dos 50 anos do 25 DE ABRIL, relembra o toque de caixa da memória, ao som da alvorada das lembranças, a inspeção militar ocorrida meses antes, pouco depois da Quadra Natalícia, mais precisamente a 10 de janeiro de 1974, em Vila Real  para onde fomos, eu e os colegas da mesma idade de Rande e outras freguesias do concelho de Felgueiras… E, porque com o 25 de abril, passados meses, já não fomos para a tropa nem para a guerra (colonial), felizmente… ficou depois aposto na Cédula Militar (vulgo "Caderneta") a passagem à “Reserva territorial”. Bons tempos, trazidos então com o 25 de abril, em 1974.


Armando Pinto

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quinta-feira, 14 de março de 2024

A propósito da “camisola poveira” ter agora registo nacional de produções artesanais tradicionais… Lembrança do senhor Luís da Póvoa, amigo “Poveirinho pela graça de Deus”!

 

Anda na comunicação social a notícia que a “Camisola Poveira” fica a ter certificado especial, na defesa de sua marca oriunda da Póvoa de Varzim:

«𝗔 𝗽𝗼𝗽𝘂𝗹𝗮𝗿𝗰𝗮𝗺𝗶𝘀𝗼𝗹𝗮 𝗽𝗼𝘃𝗲𝗶𝗿𝗮𝗽𝗮𝘀𝘀𝗮 𝗮 𝗶𝗻𝘁𝗲𝗴𝗿𝗮𝗿 𝗿𝗲𝗴𝗶𝘀𝘁𝗼 𝗻𝗮𝗰𝗶𝗼𝗻𝗮𝗹 𝗱𝗲 𝗽𝗿𝗼𝗱𝘂𝗰̧𝗼̃𝗲𝘀 𝗮𝗿𝘁𝗲𝘀𝗮𝗻𝗮𝗶𝘀 𝘁𝗿𝗮𝗱𝗶𝗰𝗶𝗼𝗻𝗮𝗶𝘀

A produção da camisola poveira, peça de vestuário típica da Póvoa de Varzim, já está integrada no registo nacional de produções artesanais tradicionais. A sua manufatura fica protegida pela delimitação geográfica da área de produção, que abrange todo o concelho da Póvoa de Varzim, e pela definição das características e técnicas de produção.

Com mais de um século de História, a camisola poveira, originalmente relacionada com a atividade dos pescadores, transformou-se numa peça de traje festivo masculino e num símbolo emblemático da Póvoa e do Norte. A peça é feita em lã natural de ovelha e decorada com bordados a ponto cruz, em preto e vermelho, aludindo ao mar e, sobretudo, à pesca.»

Ora, ao ler a notícia e tomar conhecimento do facto, de imediato vem à lembrança a memória do amigo senhor Luís da Póvoa, como familiarmente era conhecido o sr. Luís Tomás Pinto – grande entusiasta da “Camisola Poveira”, como aliás de tudo que fosse próprio da identidade da sua Póvoa. De modo que o caso é propício para uma homenagem em sua memória. Lembrando o que sobre ele já escrevemos (e se pode rever, clicando) em

http://longrahistorico.blogspot.com/2018/09/homenagem-ao-amigo-sr-luis-da-povoa.html

Armando Pinto

quarta-feira, 13 de março de 2024

Café histórico da Longra – a propósito duma partilha informática…

 

O Café da Longra, como é de seu nome e também normalmente chamado, é um estabelecimento de cafetaria deveras popular, autêntica referência da localidade, agora (desde há uns anos já) também com máquina de registo de jogos oficiais. Formalmente também com o acrescento de “snack-bar” por no seu início ter tido serviço também de refeições diárias e depois ter continuado com serviço de lanches, até há algum tempo. Sendo na atualidade mais do chamado espaço de café e local de registo e venda de jogos da Santa Casa, como se costuma dizer sobre “Euromilhões”, “Totobola”, raspadinhas, etc. Ora na Longra, mais propriamente no centro da vila da Longra, nos dias que correm, além do “Café Longra”, há também a Pizaria, Pastelaria e Café Giramassa”, com serviço de confeção e venda de pizas, francesinhas, pregos em prato e pão, cachorros, etc. além de pasteis e doçaria diversa, mais venda de pão e derivados. Tal como na reta da Arrancada há a Padaria de Pão Quente Santiago”, junto à zona industrial da antiga Metalúrgica da Longra, por exemplo. Quanto a casas de porta aberta diária de cafetaria e extensivas serventias. Vindo desta feita a calhar uma referência ao mais antigo estabelecimento, por via de ter sido referido numa recente referência jornalística.

Com efeito, tendo recentemente havido distribuição pública gratuita de um jornal (o chamado “Felgueiras Magazine”), que teve seu segundo número em formato clássico de papel, ao cabo de alguns meses depois de seu lançamento, e havendo o mesmo sido colocado na Longra no referido “Café da Longra”, para procura grátis, do mesmo houve anúncio por esse facto, como ponto de colocação para busca de quem estivesse interessado. Havendo, a propósito, essa informação sido partilhada pelo autor deste blogue com um post publicado na página pessoal do facebook.

Atendendo a essa publicação ter recebido grande afluência, calha a preceito ser para aqui transposta a foto respetiva e o comentário pessoal de ilustração, como registo de memória, no sentido coletivo desta alusão.

= "Snack-Bar Longra Café Restaurante", conforne estava no "reclame" luminoso original.

- «Café histórico, cujo nome sempre foi este, com pequena diferença, pois inicialmente era "Café Snack-Bar Longra" (não tinha o da...). Como era oficialmente denominado. Tendo no reclame luminoso exterior as indicações de "Snack-Bar / Longra / Café / Restaurante". Abriu episodicamente em finais de 1969 e definitivamente no princípio de 1970. Fundado pelo sr. Manuel António Marinho da Silva, mais conhecido por "senhor Manel da Mobílias", e por sua esposa, a Isaurinha Pacheco. Agora de seu filho Zé (Aurélio José) e esposa, Lúcia.»

Armando Pinto

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sexta-feira, 8 de março de 2024

Na data do Dia da Mulher: Homenagem às mulheres de sempre da região da Longra - Felgueiras!

 

Na pertinência da data do Dia da Mulher, a 8 de Março, dia assim dedicado às mulheres na linha com que foi e está instituído como Dia Internacional da Mulher, aqui se homenageia deste simples modo pessoal as mulheres de sempre da região da Longra (porque este blogue é da Longra, mas abrangendo a vasta região felgueirense) e englobando Rande e Sernande, no caso, como paróquias anexas desde há muitos anos. Vindo ao caso lembrar o facto através de uma imagem de um grupo de jovens mulheres de outrora, com um antigo pároco de Rande e Sernande. Homenagem esta, afinal, que se presta a fazer preito às mulheres da região, inserida na área urbana da Longra, com a recordação da imagem ancestral que se estende de então a antepassadas visavós, avós e mães de muitas gerações atuais da sociedade local, na continuidade dos tempos.  

Assim sendo, como noutros anos aqui se tomou como exemplo diversos casos relacionados com factos históricos de relevo, a enaltecer o papel das mulheres na comunidade local, desta feita relembra-se uma das funções de evidência nesses tempos de nossas avoengas, tomando o todo pela parte, desde antepassadas eras. Servindo de mote o antigo Grupo de Jovens que existiu em Rande, incluindo jovens também de Sernande, no tempo do Padre Alberto Brito. O pároco que posou na fotografia que se dá à estampa: com o Grupo de Jovens raparigas da “Juventude Católica de Rande”, fundado por si. Tendo ele criado a Juventude de grupos de rapazes e raparigas, a JOC (Juventude Operária Católica) e a JAC (Juventude Agrária Católica), depois fundidas na “Juventude”, então já só com moças, raparigas em fase de crescimento adulto, com saliência como Grupo Coral da Paróquia de S. Tiago de Rande.

Padre Alberto, este, que esteve na paróquia de Rande e anexa de Sernande em grande parte da década dos anos trintas, do século XX, mais precisamente de 1932 até 1940. Tendo naturalmente habitado a casa da Residência Paroquial de Rande durante sua paroquialidade deveras frutuosa. Mais tarde, depois que foi substituído por outro pároco, o Padre Gomes, ainda o Grupo da Juventude, referido, continuou algum tempo. E com o passar do tempo outros grupos existiram, como faz parte da história, conforme está historiado no livro “Memorial Histórico de Rande e Alfozes de Felgueiras”, publicado em 1997. No qual está publicada esta fotografia, incluindo a indicação dos nomes corespondentes. Acrescendo agora esta imagem servir a preceito para homenagear as nossas mulheres de sempre.

= Foto do livro “Memorial Histórico de Rande e Alfozes de Felgueiras” =

Armando Pinto

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sábado, 2 de março de 2024

Curiosidade de ligação felgueirense: Dr. Magalhães Lemos e seu busto monumental

 

Relacionado com o eminente cientista de medicina Dr. Magalhães Lemos, Psiquiatra célebre e Felgueirense ilustre, como extensivamente com a edificação do monumento que em sua honra está implantado na sede do concelho de Felgueiras, pode ficar-se a saber mais e melhor através de registos visuais corrspondentes. No caso, por meio de uma fotografia em que aparece o escultor, junto à escultura e ao homenageado; e também uma outra fotografia reportando o ato da inauguração do respetivo monumento, na então vila e hoje cidade de Felgueiras. 

Legendagem: Imagem de registo fotográfico do Doutor Magalhães Lemos, em que este aparece ao lado do seu próprio busto, executado pelo artista António de Azevedo (1889-1968), escultor que pertence à primeira geração de artistas modernistas portugueses. Foto encontrada há alguns anos entre um livro da Biblioteca do Centro Hospitalar Conde de Ferreira, no Porto. Onde ele foi médico de renome: primeiro como médico-ajudante, a partir de 28 de junho de 1883; depois, a 12 de maio de 1892, como médico-adjunto; e mais tarde, em 27 de junho de 1914 como diretor clínico, cargo que exerceu até atingir o limite de idade, aposentando-se em 9 de abril de 1929.

O busto, cujo original se vê na fotografia, depois de executado em moldes apropriados, foi colocado em Felgueiras no Jardim da Praça da República, tendo sido inaugurado a 18 de julho de 1937, já após a morte de Magalhães Lemos (1855-1931). Ao tempo erigido ainda ao cimo do espaço ajardinado, antes da edificação do edifício da Câmara Municipal, que teve inauguração em 1958. Monumento mais tarde mudado com a requalificação do jardim, nos anos da década de 60, passando para o atual local, mais abaixo.

Da implantação do monumento, acresce uma coeva imagem da respetiva inauguração, a 18 de julho de 1937, por fotografia da autoria do fotógrafo Jaime Ferreira (conforme está assinado na própria imagem, de arquivo assinalado do “Escultor António de Azevedo #”).

Armando Pinto

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