Espaço de atividade literária pública e memória cronista

quinta-feira, 6 de julho de 2017

À minha mãe, no meu dia…


Não havia então máquina fotográfica em mãos de ninguém da família, há algumas décadas, sendo por isso raras as fotografias existentes da nossa prole pelos idos anos cinquentas e até mais, ainda à entrada dos idílicos tempos de sessenta… porém captei na retina da memória e não mais me esquece da primeira vez, que me lembro, de me ter sido festejado o aniversário natalício, com festa de anos simples mas bonita, quando fiz seis anitos. Algo que à época não era até muito acotiado e penso que em nossa casa também não tinha acontecido entretanto, apesar de antes haver cinco filhos mais velhos, e a seguir a mim ainda um mais novo. Saltando-me à vista, como que vendo ainda, toda a alegria da minha mãe quando, na tarde desse dia, num quente início desse Estio, me pegou pela mão e me fez a surpresa de ir buscar um bolo feito por pessoas amigas. Onde foram colocadas seis velas, pequeninas, e de cor azul como eu disse logo que queria. Doce aparato que à noite foi um encanto aos meus sentidos, em roda familiar. Como sempre foi depois, na sucessão dos anos, até passar a ter a minha esposa e filhos e agora os netos. Tendo sempre também os meus pais presentes em mim, com o sorriso de minha mãe a dizer-me que valeu a pena ser heroína naquele longínquo dia de inícios de Julho, já lá vão uns anos bons. Tendo à minha volta, na roda familiar, quem de mim gosta e de quem eu tanto gosto, no gosto doce do amor.

Armando Pinto