Espaço de atividade literária pública e memória cronista

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Sendo por Felgueiras… em mais um artigo no SF


Somam-se os casos de carência interessante entre as ocorrências que dão sal à vida, nos dias que correm, derivado sobretudo à crise provocada pelos erros monetários das ligações políticas e pela perda de valores político-sociais e  consequente trespasse afetivo, a juntar ao abatimento social que se tem acentuado.

Como tal, a escrita atual não pode abstrair-se dessas realidades. Tanto como, sem necessidades de muitas explicações, se desenrolou o tema que desta vez desenvolvemos em mais um artigo, da nossa colaboração publicista, com lugar no jornal concelhio Semanário de Felgueiras.

Eis aí a respetiva coluna, impressa na página 12 do número do SF desta sexta-feira, dia 30 de Janeiro;  e de  seguida o texto normal – para registo e leitura, a bem do cunho Felgueirense genuíno e dos Felgueirenses interessados:

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Je suis Felgueiras

A frase JE SUIS… andou por muito lado, a dizer que todos eram Charlie, como se sabe. Traduzindo apelo à liberdade, a propósito dos trágicos acontecimentos recentemente ocorridos em Paris, devido aos condenáveis ataques ao jornal francês Charlie Ebdo, de cujos atos resultaram mortes físicas e morais à liberdade de imprensa e opinião. Passando a ser uma máxima atual o derivado conceito de que todos somos qualquer coisa, como afirmação de apoio.

Como tudo o que se passa no miolo da Europa acaba por cá chegar, qual nuvem passageira, transpondo a um campo que nos relaciona mais, o pensamento voa por assuntos da naturalidade local, de que todos fazemos parte. Podendo então dizer-se que todos somos Felgueirenses; e, quanto ao resto, tudo o que é de cá, nosso, destes lados, é “Made in Felgueiras”.

Noutros tempos, sem estrangeirismos, aqui pelas nossas bandas, em vez de se dizer assim, somente, o povo comum tomava o todo pela parte e era costume acrescentar-se por ou pelo, conforme o facto – como no caso do futebol popularmente dizíamos… somos pelo Felgueiras. Mas também pelo nosso clube predileto nacional, representante de nosso distrito ou região, pela nossa freguesia, pelo nosso país. Pelo telurismo que estava impregnado em todos os que se sentiam felizes com suas raízes.

Ora hoje em dia, com as leviandades políticas recentes, já se perdeu fidelidade de afinidade à freguesia, natal ou afetiva, pois até em documentação aparece ou um monte de nomes para denominar um sítio apenas, ou então simplesmente o nome da primeira freguesia que foi escolhida pelos responsáveis dentre as amontoadas a esmo… e quase ninguém se sente ligado a qualquer circunscrição, dessas tais agora de tudo a monte e fé ao calha, em uniões fictícias, até mais ver.

Nesse prisma, vem a talhe, por extensão de convicções, aquele sentimento tido por bairrismo, contudo muito mais abrangente ou expansivo e que ainda se sente nalgum interesse por afinidades que nos são comuns. Tanto que quando surge, para além do horizonte daquém de nossos montes, vulgo fora de portas ou até ao longe, qualquer coisa que seja de Felgueiras, logo afilamos as atenções. Como aconteceu quando se soube que estava uma felgueirense num programa televisivo, daqueles ditos de vida real, vulgarmente chamados “Reality shows”, de causar audiências ao nível de canais televisivos do espaço portuga. E, mesmo entre quem não seguisse aquele espetáculo diário de pessoas à procura de fama, na ideia de possibilidade dum futuro publicitado, houve mais mediatização no resultado e foi interessante saber-se que a vencedora foi essa felgueirense. O que, afinal de contas, desta feita alterou a tendência, visto tal conterrânea concelhia ter levado o nome de Felgueiras bem longe, por motivos mais sociáveis.

Pois Felgueiras, afinal, também tem sua marca, de gente laboriosa, nos mais diversos aspetos. Conforme é bem sabido, desde a produção de calçado ao doce pão de ló, mais seus usos e costumes, agora já pouco vincados, etc. e tal. Porém, e esse é um dos pomos da questão, deve haver respeito pelo que é mesmo felgueirense. Repare-se, a título de exemplo, na salvaguarda da memória coletiva, no caso da autenticidade etnográfica que tem sido preservada através das coreografias dos ranchos folclóricos, felizmente. Contudo, não se entende, por exemplo, quando acontecem desvirtuamentos; como, por exemplo, se num grupo folclórico felgueirense aparecer um traje feminino de branqueta, à poveira; sabendo-se que nesta região imperavam as cores e não uma tonalidade só, nos trajes acotiados. Tudo tem seu quê e porquê. Daí que quando se vê por cima do casario da sede do concelho uma branca torre se associa à igreja matriz, e mais adiante duas torres cimeiras dum edifício mentalmente nos faz visualizar o palacete da Casa das Torres, como ao cimo, por entre o arvoredo do monte sobranceiro, aquela torre diferente com seu gradeamento no cume logo nos transpõe até santa Quitéria…

Para alguém se sentir bem é necessário haver sedução, como quem diz que o ambiente conta muito, importando haver propriedade, de modo a todos sentirmos estar no que é nosso, entre os nossos. Haja então verdade, em podermos ser felizes tendo raízes.


Armando Pinto

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

RECORDANDO: Uma inspeção do famoso Fontinha ao Posto Médico da Longra


Dizem-me os meus quase quarenta anos de serviço público que a distância delapida melhor um percurso de vida.  Embora,  tal como quando se constrói uma casa, nossa, ao findá-la é que se devia estar a começar, para melhor aproveitamento; também ao findar uma carreira, no caso profissional, se fica a entender determinadas situações e a conhecer melhor as pessoas.

Ora, passando adiante disso, por ora, fica porém o sabor dileto dos bons momentos. Como de tanta peripécia vivida no decurso do emprego mantido no Centro de Saúde da Longra, desde o inicial Posto Clínico da Casa do Povo, até ao Centro de Saúde, que popularmente sempre foi e será o Posto Médico. Daí que durante muito tempo eu fosse conhecido, primeiro por Pinto da Casa do Povo, e mais tarde por senhor Pinto do Posto Médico…

Pois então, no meio de infindáveis e engraçadas situações (a par com horas lixadas, que mexeram com um tipo, por mais calmo que fosse!), houve uma situação que não mais esquece. Passada com um antigo inspetor da entidade distrital de saúde, dos Serviços Médico-Sociais do Porto, a que estavam ligadas as unidades, quer no tempo em que se incluíam nas Casas do Povo, quer mais tarde na anexação ao serviço nacional. Sim, num tempo que dava para haver funcionários a fiscalizar as funções de outros, vindo então certos fiscais administrativos, por assim dizer, desde o Porto, para ver e passar a pente fino as escritas, como se dizia, dos chamados postos médicos. Sendo à época muito temido (na boca de colegas mais antigos) um senhor conhecido por Fontinha, algo rígido, mais pela sua sisuda postura, além de ser muito exigente e minucioso na examinação das papeladas. José Fontinha, de nome mais completo, como assinava por fim os relatórios (embora nos registos biográficos apareça publicado Fontinhas, porém sempre foi mais conhecido por Fontinha, enquanto ele nunca ripostou a esse tratamento). Mas que, como alguém dissera e passamos a saber, se tratava de um poeta conhecido por um outro nome, Eugénio de Andrade, conforme o pseudónimo que escolhera para a autoria de suas obras literárias.

Daí que se entenda uma passagem dum seu livro:

«...Sou um homem que nunca fez da poesia uma carreira. Passei trinta e cinco anos a fazer inquéritos e processos disciplinares, sem o menor gosto mas com grande sentido de responsabilidade, e escrevi a poesia de que fui capaz nas horas que me deixavam livres a profissão de inspector de uns serviços do Ministério da Saúde, que ainda aí estão, cada vez piores, ao que consta ...» - Eugénio de Andrade (1923-2005), in “Poesia e Prosa”.

Pois sim, mas a quem o aturava, nas vezes em que ele aparecia no local do nosso emprego, não havia poesia nos contactos cara a cara. Não dando muito uma coisa com outra e, a quem conhecesse suas composições poéticas tal não diria que eram dele, muito menos quem estivesse a leste perceberia como podia ele ser um vate na matéria. Apesar disso, pessoalmente eu até simpatizei com ele e nunca tive queixa. Aliás, por das poucas vezes que trocamos algumas palavras, uma ocasião se ter proporcionado para ele se aperceber que eu tinha certa simpatia pela literatura, deu para, passados anos, ele me ter autografado um livro, que mantenho com apreço – apesar de eu nem ser muito apreciador de poesia livre, quase sem rima, mais voltado sempre a melodiosas rimas declamadas.


Enquanto isso, o que via com o Fontinha, nas suas vindas ao Posto Médico da Longra, dava para espairecer o pensamento, por estar sempre a estudar o ambiente derivado e fazer analogia dum quadro situacionista ao outro facto. Mas pude presenciar ocorrências divertidas, quase cómicas, para não dizer mais.

Aconteceu de uma das vezes, quase no início da minha carreira profissional, uma dessas tais. Estando ainda a trabalhar lá, na parte médica dos serviços da Casa do Povo local, o senhor Gomes, da Pedreira, um simpático senhor já idoso, pois acumulava esse emprego com uma reforma (aposentado que era dum emprego que antes tivera em Lisboa e, ao regressar à região natal, conseguira esse extra para aumentar o vencimento mensal). Chefiava o Posto o senhor Cunha (Agostinho Cunha), trabalhando em secretária ao lado o sr. Luís (também Cunha), como se sentava mais à frente a D. Emília Costa (esposa do antigo funcionário sr. Jaime). E, entre nós, contando comigo que era o mais novo no serviço, trabalhava também como novato o Miguel. Então ainda jovem despreocupado, nada parecido com o mesmo Miguel Lemos que passou muitos anos no próprio Posto da Longra, que chegou a chefiar mais tarde. Por isso, numa das fiscalizações que o Fontinha estava a vasculhar, calhou do Miguel ter de dar conta duma das suas funções, ele que nesse tempo tinha a seu cargo a correspondência postal e por conseguinte os respetivos registos, de envios e gastos de selos. E o senhor Luís Gomes, a fazer serviço de retaguarda, como hoje se diz, andava mais ao brejo, em trabalho de terreno, de um lado para outro.

Então o Miguel, para o Fontinha o não apanhar desprevenido, antes de ele ir ver os livros e as pastas, fartou-se de tentar pôr tudo em ordem, tim tim por tim tim, e como pensou que lá estavam selos a mais, não coincidindo nas suas apressadas contas os selos registados com os que restavam, tratou de esconder os que pensou estarem a mais. Só que o tal Fontinha, fuinha como era, escarafunchou por todos os lados das parcelas e não é que descobriu que as contas estavam mal, faltando uns tostões na soma das verbas…?! E, de imediato, diz-lhe de chofre:

- vá, jovem, isto está errado. Ponha já aqui a diferença. Tire lá o dinheiro de sua algibeira, e reponha o que falta, ora vá… (deixando o Miguel de boca aberta, muito admirado e de testa franzida, por nem saber muito bem a que propósito vinha isso da algibeira… enquanto nós, sufocando o riso entre dentes, nos divertíamos com a reação do Miguel ser obrigado a pôr de seu bolso a “massa”, apesar de se tratar duns trocos…)

Entretanto, estavamos nesse pé, quando entra o senhor Gomes na secretaria, esbaforido, a arfar pela caminhada de ter ido ao correio, onde levara cartas à estação do Correio da Longra. Com sua barba por fazer, como era costume dele, vendo-se-lhe a cara com brancos pelos da barba de pelo menos uns dois dias sem ter sido cortada. Estava-se nos primeiros anos após o 25 de Abril, mas ainda havia resquícios de outros tempos, quando os funcionários públicos eram obrigados a apresentar boa aparência. Então, mirando-o de cima a baixo, o senhor Fontinha dispara:

- Ó homem, o ordenado não dá sequer para lâminas? Como pode andar aqui com esse aspeto?

Todos ficamos à espera do que ia sair. Ao passo que o sr. Gomes, desculpando-se, ripostou, a tossir no seu catarro de fumador (como quem diz que nem tinha tempo, por morar longe, o que nem era muito o caso, de permeio com sua linguagem de português arcaico):

- Ó, ohhh, ora, ora, se eu saio de casa de noute e entro de noute…

Todos afilamos os sentidos, à espera de mais uma reprimenda. Mas eis que o Fontinha, poeta como era, e apreciador da linguagem clássica, teve então um remate épico, todo apreciativo e muito sensível…

- Noute... muito bem dito. Sim senhor. É assim mesmo. Esse português até me enche o peito. Noute... muito bem dito! (Foi repetindo com trejeito de apreço. Quão até esqueceu a esquálida aparência do senhor Gomes.)

Num baque, lá ficamos todos a olhar uns para os outros. E mal ele se foi embora, logo que o Fontinha nos deixou em paz, nos fartamos de rir com aquilo. Tanto que ficou para sempre entre engraçados ditotes memoriais, nas nossas recordações do tempo passado na secretaria da Casa do Povo da Longra.

ARMANDO PINTO


(Texto dentre o material a incluir possivelmente num futuro livro, planeado.)

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Um artigo interessante


Com carradas de razão, veio publicado na página de Cultura do jornal Voz Portucalense, da Diocese do Porto, um artigo cujo teor dispensa muitas explicações.

Com a devida vénia, reproduzimos aqui essa peça jornalística, através de digitalização, por ter sido inserida num espaço de cultura, do órgão diocesano da nossa região.

Nesta época em que o país tem estado, como se costuma dizer, "entregue à bicharada", a valer quase tudo, nem é de admirar o que acontece quando se retira duma rua o nome dum personagem importante da história não muito distante da nação, quase por dá cá aquela palha... mas, mesmo assim, achamos de todo o interesse alguma reflexão no que vem expresso no referido texto.



A P

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terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Tempo de Janeiras e Reis


Passada a quadra de Natal, ao chegar-se aos Reis, pelo dia seis de Janeiro, é tempo de alagar o presépio, como se diz popularmente. Com o desfazer daquela construção caseira a servir de final da época do encanto natalício.  Mas o início de ano, no calendário festivo anual, alonga-se pelo primeiro mês adiante, com os tradicionais cantares das Janeiras, canto que a partir do dia seis passa a ser chamado dos Reis.

Assim sendo, ultrapassados os festejos natalícios, comido o bacalhau e as batatas da consoada, com a árvore decorativa a representar como que uma réstia do antigo cepo que ardia nos adros das igrejas em noite de missa do galo, e com a passagem de ano, tempo de beijar comunitariamente ainda os pés do Menino no fim das missas, chega a vez das Janeiras e complementares cantares dos Reis. Costume de influência importante noutras eras, teve formas variadas conforme as terras, por esse país fora, e também no nosso ambiente concelhio. Maneira essa de convívio que mais não é que um velho uso, deveras misturado num apego religioso revestido com sabor popular, vulgo pagão.

Segundo estudiosos eminentes da matéria, do que fomos lendo algures e anotando há longo tempo, essas reuniões de grupos de amigos, familiares e vizinhos, que iam às portas uns dos outros entoar as “boas entradas”, é uma usança derivada das “Saturnais”, festas clássicas celebradas pelo povo romano e romanizado em honra de Saturno, festividade relacionada com os segredos da crença popular comum à agricultura. Folganças aquelas realizadas por alturas das calendas de Janeiro e com a particularidade de que durante tal período desapareciam as distinções sociais.

Na antiguidade, conforme ainda algo que chegou transmitido através de alguns estudos historiadores, reuniam-se ranchos de gente, formando grupos de cada lugar ou famílias, os quais a partir da noite de ano novo percorriam as casas das pessoas mais gradas a desejar-lhes as boas festas, juntando-se por fim todos os da mesma freguesia num local tradicional, normalmente no adro ou proximidade da igreja paroquial, acabando ao calor do que restara do tronco da fogueira de natal a cantarem, ora ao desafio ou todos juntos.
A respectiva campanha, conforme a definição mais conhecida, é efectivamente uma tradicional manifestação de cultura popular de origem pagã, consistindo em reunião de grupos de pessoas que, no início de Janeiro, percorrem uma região, à noite, cantando pelas casas, ao som de instrumentos tradicionais de música, e desejando às pessoas conhecidas e amigas um feliz novo ano, por via de quadras de sabor popular. Tal como as Janeiras são “cantigas de boas-festas por ocasião do Ano Novo”. A propósito de Janeiro ser o primeiro mês do ano, sendo assim chamado em honra do deus Jano (de janua = porta, entrada). Uma outra ideia relacionada, pois Jano era como que um porteiro celestial, e, consequentemente, qual deus das portas, que as abria e fechava, esperando-se a sua protecção na partida e no regresso. Tido assim por um deus dos começos, Jano era invocado para afastar das casas os espíritos funestos. Fundamentando-se, por isso, que esta manifestação tem origem em cultos pagãos, que o cristianismo não conseguiu apagar e se foram transmitindo de geração em geração. Por extensão, a versão religiosa cristianizada das Janeiras é o cantar dos Reis, desde 6 de Janeiro.

Com o decurso dos tempos surgiram transformações desse hábito, das Janeiras e Reis, por via de que resultaram particularidades diversas. Passou a associar-se cambiante de convívio mais restrito, com esse canto nocturno de porta em porta, dando vivas às pessoas das casas visitadas, a ser recompensado por meio de qualquer espécie alimentar, sendo depois essa angariação repartida por todos os participantes em folguedo final conjunto.

A partir da noite de Reis, depois da ceia tradicional, que nalgumas freguesias do concelho de Felgueiras, pelo menos, metia arroz de feijão branco acompanhado de rodelas de paio, começavam então as Reizadas, seguindo o mesmo ritual, apenas com adaptação da letra entoada ao som dos instrumentos musicais mais acotiados.

Sendo estes cantos efectuados por grupos de mulheres e homens adultos, acompanhados por rapazes e raparigas jovens e por vezes também por crianças, em anos não muito distantes passaram a ser levados a efeito mais por jovens e crianças, com o fito de receberem donativos, conhecidos por “esmola”.

Tal tradição tem sido preservada nos tempos mais recentes, sobretudo, pelos Ranchos Folclóricos e outros grupos institucionais, com o propósito de angariação de receitas para a sua sobrevivência, em vista à manutenção anual associativa, ou por comissões e agrupamentos organizados como recolha de fundos para qualquer iniciativa de interesse público.

ARMANDO PINTO

(Texto publicado em crónica no Semanário de Felgueiras há alguns anos e, com algumas adaptações, reservado para um possível livro futuro)

sábado, 3 de janeiro de 2015

“Lembranças Natalícias” da Paróquia de Rande (Vigararia de Felgueiras – Diocese do Porto)


O período festivo da quadra de Natal e Ano Novo, na linha tradicional comemorativa, teve alguns sinais alusivos que ficaram a assinalar esse tempo vivido na Paróquia de S. Tiago de Rande – como se sabe uma comunidade que antes igualmente comportava a freguesia do mesmo nome e hoje se restringe à própria paróquia, no sentido religioso, visto civilmente ter sido alterada politicamente a sua anterior existência social.

Então, no âmbito marcante da quadra natalícia, além da publicação do Boletim Informativo paroquial, que atingiu desta vez a sua edição anual número dez (referenciado aqui já, no anterior artigo postado), foram também distribuídas algumas recordações durante alguns actos comunitários. Como ocorreu na festa dedicada aos idosos, organizada pela Conferência Vicentina de Rande e Sernande; depois na missa matinal da igreja de Rande, no Dia de Natal de 2014; e por fim ao final da missa primeira do novo ano, também na igreja paroquial de S. Tiago, aí numa iniciativa do Grupo de Jovens de Rande, aludindo ao Dia da Paz, a 1 de Janeiro de 2015.

Dessas ofertas públicas, em apreço, se junta imagem conjunta, ao cimo da página; e abaixo o respetivo verso com as legendas dedicatórias.


Embora este local não seja um qualquer jornal informático da região, mas tão só um espaço editorial de partilha particular, assinalamos aqui neste blogue, também, essas interessantes realizações. Porque as coisas simples normalmente se revelam importantes, por conterem sempre correspondentes significados.

Armando Pinto

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sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Boletim Anual da Paróquia de S. Tiago de Rande (Felgueiras)


Já está nas casas dos paroquianos de Rande e em mãos também de outros amigos da mesma paróquia, o Boletim Paroquial respeitante a 2014. Elaborado que foi em finais do ano e logo publicado, a tempo ainda de ter sido distribuído antes do Natal, antecedendo a tradicional campanha de cantares de Janeiras, de recolha de donativos para dotação das necessidades ativas da vida paroquial de Rande.

Por haver sido assim também possível, então, mais uma ação do autor na execução da publicação em apreço, guardamos aqui algo relativo a essa colaboração, na intenção de partilha com eventuais interessados que não tenham possibilidades de conhecimento da respetiva edição, nomeadamente pessoas conterrâneas que vivam longe ou estejam momentaneamente ausentes. Colocando-se ao cimo a correspondente capa, e de seguida o texto e fotos originais, com sentido de registo,  do  mesmo Boletim Informativo do Conselho Económico – Ano 10 – N.º 10 – Dezembro de 2014.

Apresentação

Findo mais um ano, é tempo de balanço. Havendo passado mais um tempo cronológico nesta nossa caminhada terrena. Num período em que se cruzaram vários acontecimentos da nossa vivência comunitária, até este final de ano, quando estamos a viver a celebração do Natal, na comemoração da vinda d’Aquele que nos proporciona alegria existencial. Chegando, por ora, ao período festivo das Janeiras e canto dos Reis, da costumada visita duma representação paroquial a cantar votos de Boas Festas de casa em casa dos paroquianos, em época de brindes do tradicional bolo-rei.
Extensivamente, em sequência disso, também, ainda estamos sob efeito da dádiva moral com que fomos brindados através de significativa mensagem papal, como foi a Exortação Apostólica do tão querido Papa Francisco, “A Alegria no Evangelho” – documento pontifício, este, focado no fundamental da evangelização, de orientação para vivermos com maior profundidade o nosso encontro com Jesus, como Igreja de proximidade de Cristo a todos os seres humanos, visando “evangelização para a transmissão da fé cristã”. Em cuja orientação se segue o rumo que engloba o espírito do Ano Pastoral em ação desde Setembro último.
Pois bem, prestes a findar 2014, durante o qual caminhamos lado a lado, vivendo e partilhando a nossa realidade comum, voltamos por este meio também à proximidade de toda a comunidade, no alcance proporcionado ao longo de dez edições desta anual publicação mensageira. Sim, porque este é já o décimo número do Boletim Paroquial de Rande, ao longo de já quase 14 anos de paroquialidade do atual pároco, e apenas com duas interrupções desde que (em Janeiro de 2004) se iniciou esta comunicação de registo público das realidades e atividades que têm sido possíveis. De cuja presença ficam os sinais possíveis de transmissão, como se tem procurado averbar no decurso de tal subsistência. Duma existência que se recorda pelas capas das sucessivas edições (rodeando a imagem do presépio atual patente na igreja de Rande), com que se decora a presente 1ª página e se estende a parte da contra-capa deste número comemorativo. Com o qual continuamos, agora, enquanto meio de encontro divulgativo do que foi possível concretizar e lembrete ao que se depara no horizonte futuro.
Nesse intervalo de tempo muitas ocorrências houve, de permeio, com saliência principal para o facto de haver novo bispo diocesano, em substituição de D. Manuel Clemente (atual Patriarca de Lisboa), sendo D. António Francisco dos Santos o Bispo do Porto.
Voltamos assim ao contacto que já se tornara habitual, por este meio, depois de um ano de interregno, devido a não se ter efetuado no ano passado a campanha do canto dos Reis, e consequentemente não ter havido recolha de donativos, de modo a não sobrecarregar então as pessoas. Continuamos entretanto a nossa missão, na sucessiva caminhada comunitária pela nossa Paróquia de Rande, regressando agora através de comunicação por esta via pública. Neste tempo de Natal e na linha de quantas vezes foi Natal nas nossas vidas.
Num mundo em constante mudança, temos de ter sensibilidade pelo que ainda identifica todo um passado e presente do percurso de vida desta comunidade de Rande, enfrentando o futuro com a certeza que, tal como com o nascimento de Jesus um Menino nasceu para nós, Emanuel (significativo de Deus connosco), devemos saber acolher esse dom que é a Vida; enquanto a melhor forma de receber em abundância é viver em plenitude, dar-se sem reserva e partilhar com generosidade.
Neste tempo de Natal acolhamos toda essa mensagem, consubstanciada na imagem do Presépio, na representação do Menino que nos é dado, na Vida que devemos saber viver. Motivo também por que se dá seguimento à convivência escrita com a comunidade paroquial, por este meio, vindo irmanados até junto de todos os paroquianos, novamente, por via deste boletim – no mesmo sentido informativo e de apelo comunitário.

Ano Pastoral 2014/2015

Na sequência do que acima se refere na apresentação, é norma para o período anual em curso a divisa “A ALEGRIA DO EVANGELHO É A NOSSA MISSÃO”.
Iniciado no passado dia 9 de Setembro, aniversário da dedicação da Igreja Catedral do Porto, o novo Ano Pastoral na nossa Diocese, foi pelo Bispo do Porto anunciado como lema que nos vai guiar ao longo do Ano Pastoral de 2014/15 a supra citada frase relacionada com a exortação papal e a próxima meta a procurar atingir.
Diz a mensagem de D. António Francisco dos Santos: «Inspira-se esta escolha do lema na urgência da evangelização a que o magistério da Igreja ultimamente nos tem convocado e nas experiências mais recentes vividas pela Diocese do Porto, como sejam a Missão 2010 e as Jornadas Vicariais da Fé, entre muitas outras iniciativas a nível paroquial, vicarial e diocesano ou no âmbito dos Secretariados e Movimentos.
A recente Exortação apostólica “Evangelii Gaudium” e o testemunho de vida e desafios pastorais recebidos do Papa Francisco consolidam a oportunidade da escolha deste lema, para que ele seja um convite a sermos uma Igreja de rosto missionário, decidida a partir do encontro com Cristo para levar a “alegria do Evangelho” a todas as periferias existenciais.
Para respaldar este lema e dar visibilidade ao espírito que o inspira e anima escolhemos um logótipo, criado a partir da bela rosácea da Sé do Porto, que quer significar que somos Igreja, casa e escola de comunhão, em “saída” missionária ao encontro do mundo, levando a todas as pessoas e instituições esta inabalável certeza de que “a alegria do Evangelho é a nossa missão”. »

= Imagem do logotipo =


Actividades principais decorridas na Paróquia:

Durante estes dois anos, como sempre, foram levadas a cabo diversas realizações que fazem parte da vida pastoral e vivência paroquial, desde as celebrações de Natal e campanha dos Cantares de Reis; festas dos idosos, da Conferência Vicentina; Via-sacra inter-paroquial;  Compasso Pascal; Procissão de velas do Mês de Maria (no dia comemorativo do aniversário do Nicho); Festa Paroquial de S. Tiago; Passeio de Convívio; Magusto e Convívio Paroquial; atividades da Catequese; trabalho dos grupos de Jovens, Acólitos e Leitores, etc. até ao Presépio na igreja (este ano construído por dois elementos dos grupos de trabalho da paróquia, Carlos Moura e Jorge Sousa); e ainda se voltou a colocar iluminação natalícia no exterior da igreja, neste Natal de 2014 através de iniciativa da atual Comissão da Festa Paroquial, dando as Boas Festas a todos os Paroquianos e amigos de Rande.

Entre essas realizações, destacamos algumas por diversos atributos acrescidos, como:


- Festa do Acolhimento – a 12 de Janeiro. Celebração das crianças em idade de entrada na catequese. Entre as festas das diversas fases catequéticas, desta vez salienta-se esta, de início da vida comunitária paroquial dos mais novos elementos ativos.

- 10º Aniversário do Nicho de Rande (2003/2013). No dia 4 de Maio. Celebrado com dignidade de circunstância.
=  Foto da capa do livro alusivo à bênção/inauguração =


- Passeio da Catequese – Depois da interessante experiência do ano anterior, em que o destino foi até ao alto de Santa Tecla, à Galiza-Espanha (de onde se alcança belo panorama do lado português), incluindo a respetiva travessia da fronteira pelo rio Minho em “ferry-boat”; este ano o rumo seguido aportou no parque de lazer do “MagicLand”, em Penafiel, onde crianças e adultos puderam dar largas a divertimentos individuais e coletivos, porque o próprio espírito precisa de exercício.

- Crisma Inter-paroquial – Visita do Bispo a Rande - a 28 de Junho. Com crismandos de Rande, Sernande e Idães, em cerimónia presidida por D. António Taipa, Bispo-Auxiliar do Porto. De salientar o lindo tapete de flores, confecionado pelos elementos Catequistas, que engrandeceu a receção àquele dignatário episcopal.



- Festa Paroquial, em honra do Padroeiro S. Tiago – a 25 de Julho. Este ano abrilhantada com a inclusão no programa das Marchas Populares, em retorno da antiga tradição das Marchas de S. Tiago, que assim voltaram a ser cabeça de cartaz.



- Passeio Inter-paroquial – a 7 de Setembro. Ao Monte de Santa Luzia, em Viana do Castelo. Excursão que comportou grande adesão de pessoas, ocupando 6 autocarros, foi convívio pela primeira vez feito em conjunto das paróquias de Rande e Sernande, desta feita também de parceria com a Junta da União das freguesias, mais animação dos grupos da Casa do Povo da Longra.



Em resultado do sucesso considerado, ficou desde logo agendado igual convívio futuro, dentro do mesmo espírito coletivo, em princípio para o dia 6 de Setembro do próximo ano.


- Magusto de Convívio Paroquial – a 9 de Novembro. Mais uma vez incluído em mega-almoço, realizado sob ampla tenda montada no adro de frente à igreja, contando com assinalável participação de paroquianos e amigos, além da presença dos senhores Presidentes da Câmara de Felgueiras e da Junta da União de freguesias em que estão desde 2013 incluídas Rande e Sernande, com a instauração governamental da reforma administrativa do território.





- II Rally das Sopas – a 6 de Dezembro, efetuado no seguimento de iniciativa do ano anterior, num sábado pleno de trabalho positivo, a dar motivos de continuação.


Para melhor ilustração, sabendo-se que as imagens valem por muitas palavras, descrevemos visualmente algumas das atividades realizadas com algumas fotografias de ocasião, deixando que os registos fotográficos posem à posteridade, também.





Memorial Paroquiano

Na linha dum Espaço de Cultura, com aspetos recordatórios e ilustrativos relacionados à memória coletiva, apresentamos desta vez um quadro sugestivo do movimento humano relativo a existências, participação e vivência evolutiva, no caso, reportando ao período de permanência do atual pároco em Rande. À espécie de Memorial, apresentado em quadro gráfico, com espaços de década, abrangendo períodos que vão de 2001 a 2011 e, sucessivamente, de 2002/2012, até 2003/2013:





Plano de Obras:

Nos tempos mais recentes, dentro das prioridades e possibilidades, foram feitas algumas intervenções pontuais de manutenção.
Para o futuro próximo, está planeado concretizar algumas realizações, tais como:
- Restauro das portas da igreja; incluindo a da sacristia e pintura das paredes.
- Limpeza e adaptação do campo do passal (por trás das ruínas laterais à antiga Residência, o qual estava cedido para cultivo e agora ficou vago), para transformação em sítio de atividades comunitárias, sendo como é terreno paroquial. Com vista a ser saibrado, de modo a poder-se ali fazer arraial de festa e convívios, por exemplo, entre outras vertentes, evitando constante necessidade de empréstimos do campo de frente ao adro.
Isto além de outras ações que venham a ser necessárias para a conservação do património paroquial existente.


Próxima Campanha do Cantar de Janeiras e Reis: Dezembro / Janeiro, segundo calendário e itinerário anunciados em tempo devido (em aviso lido no fim da missa e edital público afixado no quadro-expositor do adro).

Conclusão:

Perante a exposição colocada aqui publicamente aos olhos e sentidos da comunidade, torna-se evidente que devemos continuar sempre interessados e unidos pelo mesmo objetivo e equilíbrio comum, em prol da nossa paróquia.
Por isso, vincamos continuar dispostos a trabalhar pelo que a todos diz respeito, contando para o efeito com correspondente resposta, naturalmente precisando da vossa colaboração.
Vivemos por estes dias mais uma quadra natalícia, na qual nos devemos assumir como fiéis responsáveis. Em cujo espírito se enquadra o fator comunitário, quanto será a satisfação de quem participa neste bem comum.

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Entretanto, para já aproxima-se a tradicional visita aos vossos domicílios, a propósito da campanha dos Cantares de Reis.
Desde já se relembra que o envelope que acompanha a distribuição deste boletim, para o efeito, será recolhido aquando da visita para o tradicional canto das Janeiras e Reis. No qual poderão fazer a entrega do vosso donativo apropriado.
 “Cantar os Reis” é um sinal popular da vivência natalícia, na sua natureza cristã, rejubilando com o nascimento de Quem que veio para estar entre nós.
Deste modo, em suma, contamos com o vosso donativo generoso, como Bem-haja da nossa visita.
Desejamos a todos um Santo Natal, bem aconchegado no regaço familiar; e um Feliz Ano de 2015, em plenitude de dons e bênçãos de Deus Menino e do nosso S. Tiago Maior.


O Conselho Económico Paroquial.
(Assinatura do Pároco, P.e Manuel Joaquim C. Ferreira)


Armando Pinto

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